Pequena empresa do Texas prepara busca de US$ 150 milhões por petróleo no Ártico

Pequena empresa do Texas prepara busca de US$ 150 milhões por petróleo no Ártico

1 – Pequena empresa do Texas prepara busca de US$ 150 milhões por petróleo no Ártico

2 – Narwhal Exploration retoma projetos deixados pela Shell no Alaska

3 – Contexto: Shell abandona áreas promissoras

No último ano, a gigante petrolífera Royal Dutch Shell abandonou vários direitos de exploração em águas rasas próximas à costa da North Slope, no Alaska.

A decisão foi atribuída por observadores à pressão de investidores ligados à crise climática, levantando dúvidas sobre o futuro do desenvolvimento de petróleo no Ártico.

1 – Quem assume o posto?

A empresa Narwhal Exploration, de porte bem menor e sediada no Texas, surgiu como sucessora das áreas abandonadas pela Shell. Embora seus executivos não tenham respondido aos pedidos de comentário, a firma vem se mobilizando discretamente para dar início a um dos esforços de perfuração mais intrigantes dos últimos anos.

2 – O plano de exploração

No próximo inverno, a Narwhal pretende perfurar até cinco poços exploratórios em uma área estadual submersa, na baía West Harrison, parte da costa do mar de Beaufort.

O alvo é uma formação geológica rica em petróleo, chamada Nanushuk — a mesma que inspira dois grandes projetos terrestres já em andamento: Willow (da ConocoPhillips) e Pikka (da Santos).

3 – Proximidade com comunidades indígenas

A comunidade mais próxima da área de exploração é a vila Iñupiaq de Nuiqsut, situada a cerca de 30 milhas ao sul.

4 – Potencial de descobertas e desafios logísticos

Segundo o engenheiro de petróleo Pete Stokes, com base em Anchorage, há indícios de que a área pode conter reservas consideráveis. O grande questionamento, segundo ele, seria descobrir “quão grande é a descoberta e se pode ser economicamente viável”.

5 – Investimento estimado

O valor previsto para essa operação de busca é de cerca de US$ 150 milhões, conforme informações de um grupo de private equity da Flórida que auxilia a Narwhal na captação de recursos.

6  – Histórico das concessões em West Harrison Bay

O interesse na região não é recente: Shell adquiriu os primeiros contratos em 2012, e a Narwhal, por meio de uma afiliada chamada EE Partners, comprou áreas vizinhas em 2016. Até 2022, Narwhal tentou negociar com a Shell a compra ou parceria para explorar as áreas, sem sucesso. Após críticas públicas em audiências legislativas, Shell abriu mão das concessões.

7 – Leilão e novos players

Em um leilão estadual no último outono, Narwhal (via EE Partners) e outra empresa privada, a Juneau Oil and Gas, gastaram quase US$ 9 milhões para adquirir os terrenos restantes em West Harrison Bay, incluindo os da Shell. A Juneau Oil and Gas — que tem sede principal no Golfo do México, mas também vínculos com o Alaska — não informou planos de iniciar perfurações neste inverno.

8 – Infraestrutura e custos de desenvolvimento

Mesmo que haja uma descoberta significativa, os desafios logísticos são grandes. O desenvolvimento de um campo produtivo pode demorar anos e custar bilhões. A própria Narwhal indicou em um documento de 2024 que isso poderia ultrapassar US$ 8 bilhões — valor superior ao que a ConocoPhillips está investindo no Willow e mais que o dobro do custo do projeto Pikka, da Santos.

9 – Terrenos estaduais com trâmites mais ágeis?

As concessões estão em terras submersas do estado do Alaska, cuja regulamentação pode permitir agilidade maior em relação às áreas federais — resultando em menores custos de royalties e cronogramas mais curtos. Ainda assim, a área é “realmente remota”, com desafios técnicos e logísticos específicos.

10 – Questões ambientais

O grupo conservacionista Center for Biological Diversity manifestou preocupação com os impactos nos ecossistemas locais, apontando riscos para selos de gelo ameaçados, baleias-borca e outros animais árticos. O governo federal chegou a emitir uma permissão que autoriza a perturbção de até 20 baleias-borca e mais de 2.000 focas durante as operações.

11 – Panorama final

Narwhal Exploration, uma empresa modesta do Texas, assume um ousado projeto no Ártico: perfurar até cinco poços na baía de West Harrison, com investimento estimado em US$ 150 milhões. Apesar de promissora, a operação enfrenta desafios de infraestrutura, altos custos e forte oposição ambiental.

12 – Linhas de atenção

  1. Financeiro: Captação dos US$ 150 milhões — como será concluída?
  2. Ambiental: Monitoramento do impacto sobre a fauna ártica.
  3. Regulatório: Agilidade dos processos em terras estaduais comparada às federais.
  4. Infraestrutura: Logística em local remoto e precário.

13 – A nota para o leitor

A exploração de petróleo no Ártico continua sendo um tema cheio de tensão: entre o apelo por novas reservas energéticas e a preocupação com os frágeis ecossistemas da região. O desenrolar dessa iniciativa pelo Narwhal Exploration certamente exigirá vigilância e transparência — tanto do ponto de vista técnico quanto ambiental.

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